sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Madame Fraise

eu desejo tanto.
e a minha vontade é desejar não sentir medo de desejar.
é natural...
é natural querer ser mais, ter mais, saber mais, fazer mais, mais e melhor.
é natural querer o gosto perto.
o gozo intenso
felicidade lívida
e quente
próxima;
eu não tenho medo dos desejos agora
tanto que me pegaram desejando por desejar
senti vergonha
- aí eu tive medo -
e quis desejar não ter desejado
mas eu desejei e pronto!
só eu e você sabemos disso
e o outro que passou correndo [com vergonha?] depois de acender a luz e apagar bem rápido, ele deve ter ficado com a imagem dos pedaços da minha roupa listrada
madrugada de quinta sem vergonha...[!?]

domingo, 6 de julho de 2008

Três dias de contradição

tive três dias do que minha mãe chama de boemia
e reticências
porque hoje eu quero ignorar:
quero ignorar o bip do msn - principalmente o das pessoas chatas
meu passado
o que você acha do meu novo corte de cabelo
o seu dicionário-vocabulário
o seu conceito de arte e massificação
a última viagem que fez
o saldo da sua conta bancária
e o ete.ce.te.ra.
vai! me deixe ignorar apenas por prazer.
porque hoje eu só queria poder fugir
e ignorar também o fugere
o carpe diem
e os outros clichés literários-acadêmicos que a gente usa quando está no segundo grau porque acha sofisticado - puro kitsch!
e aí sim. ser abraçada por alguém que não olhe pra minha bunda enquanto me abraça, que busque a minha verdade
mas eu, ah eu peço demais
eu sempre quero mais
eu detesto meu banheiro!
até quando quero que não olhe - eu quero! juro
sempre dou descarga e a merda não desce...
estou ignorando o cheiro da minha merda no vaso sanitário
mas ele se propaga!
e todas aquelas pessoas que pergutam se eu estou bem
quando na verdade elas estão pouco se fudendo se estou bem ou não.é tudo linguagem e nesse tal momento, fática, o que é pior = uma merda que fede mais que a minha!
detesto.
"a linguagem ainda é muito leviana pra maioria das pessoas" disse um amigo com sabor.
eu gosto das frases de efeito dele
ele é muito bom em títulos e formas
mas agora eu também quero ignorá-los
lefudezvouslaestetiqué
por quê? que se foda mesmo!
nem eu mesma sei, porra.
só sei que detesto sentir dor
vou ignorá-la hoje também
só hoje[?]
não quero saber dos seus problemas
e estou dançando e ofendendo pros meus
só agora por um instante
podem me julgar pode me julgar mas espera! quem o fará?
quase ninguém vem nessa porra de página que serve pra minha autoafirmação
quando não é eu demais é eu de menos
aff,,,,,,,
sempre isso
a merda dos contrastes que eu acho poético
mas que é super blêh! as vezes
- pois eu grito e desafino sem medo -
mas que me doí tanto
ou me deixa tão bem.
mas você quer mesmo saber?!
jura? então aí está a verdade estabelecida de hoje-até-agora:
eu não consegui achar sentido
hahahahhaha
logo eu! que busco isso até na merda dessa minha risadinha projetada
a imagem real na física é imagem projetada
[mais uma vez buscando]
pra alguma coisa serviu não pensar tanto em como eu detesto fazer os cálculos, enquanto o professor fala e eu vou pra algum lugar, que nem eu, na verdade, entendo bem, e volto com mais vírgulas ainda [e pontos].
não precisa comentar
comente se quiser
eu não preciso disso pra viver
veja: eu respiro sem você!
faça o que quiser fazer
eu não quero te pedir nada
eu quero te ignorar
é só isso.
mas ai que fome hein! me dá um pouco de comida, dá?
sério mesmo
ainda não jantei...
mas como você pode ver
estou o tempo todo conversando com você
tentando te distrair de você
enquanto eu me distraio de mim mesma
pensando em mim e você
nem tão brilhante assim.
é uma porra de contradição! é isso que é.
e sartre me fode
o existencialismo ainda pode me manter [?]
"o mundo me condena...mas a filosofia hoje me auxilia"
pode me manter
refém
de qualquer sentido-sentimento
eu continuo buscando.
ah! mais uma informação inútil pra você ler e esquecer logo depois:
eu acabei dando a descarga, antes mesmo de acabar o texto. eu fiz dum jeito que meu irmão me ensinou; a gente tira a tampa da descarga, mas ela tem que ser daquelas retangulares que ficam logo acima do vaso, e assim dá mais força, porque a mola da minha tá quebrada
a minha merda desceu tão estética
meus dois toletinhos nadaram redondamente! como na propaganda da cerveja "desce redondo"
resultado dos três últimos dias

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Amor de mais que tanto que nem sei ao certo quanto maior que muito

enquanto o vento e o tempo me arrastam
eu continuo com reticências
vou levando qualquer levada ou toada velha-nova
pra pintar qualquer bossa esboçada
com gosto e com falta de gosto
porque eu gosto mesmo é de cinema
eu gosto mesmo é das curvas dela na tela
ah! os teletemas!
eu gosto mesmo é daquela música...
entra nas cenas bonitas e tristes
e até nas feias
porque eu estou aqui é pra buscar sentido
até nas coisas que digo e redigo para que mais pessoas saibam
eu gosto de qualquer coisa que talvez faça sentido
eu gosto de qualquer coisa que talvez faça sentido nenhum
pra qualquer outra pessoa;
eu gostaria mais que tanto
de te abraçar por uma noite inteira
porque eu não gosto que você sinta frio.
eu quero aquela música
para contar tua vida
me deixa cantar
deixa o vento arrastar
me deixa te cantar
tantas vezes ele levou nossos cabelos e alegrias
me deixa cantá-la
ele também pode levar tristezas;
tome um banho de água quente com canções latinas
e pense nas curvas dela
deite no colo da sua mãe de olhos fechados
ela lavará as constelações de estrelas nos seus cabelos com suas mãos d'água
e você perderá o vento
e você perderá o tempo
e continuarão suas reticências
elas serão tuas novas dimensões
eu te amo querida!
e continue cheirosa
a qualquer hora eu estarei com você
por mais de uma noite inteira
por mais de uma continuação...

(foto: man ray)

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Ainda sobre ouvidos e otras cositas más

a bebida naquele copo, o copo naquela mesa.
bebo ou não bebo?
bebi.
urghhh... gosto amargo.
descida lenta.
algumas palavras.
alguns silêncios.
algumas expressões e suas ausências.
outro gole.
o que posso fazer? tive sede.
está menos amargo.
movimentos.
movimento. mais um.
geladinho. ai, eu gosto de coisas geladas.
as descidas começam a tomar um ritmo diferenciado.
entre palavras e gestos e pessoas.
entre buscas e sentidos e buscas por sentidos.
entre.
até mesmo quando se está no vazio, estamos entre o vazio.
e algumas coisas parecem ter verdade agora.
e algumas verdades estabelecidas começam a ser mentiras.
será tudo culpa do gole?
ou foram as pessoas? elas que puseram a bebida no copo.
eu... eu não pedi nada. elas que me deram o que não pedi.
mas será que depois de um determinado momento eu comecei a pedir?
não preciso dizer palavras para que algumas delas saibam o que quero.
mas na maioria das vezes tenho que dizê-las para ratificar o meu não querer.
eu quero mais.
bem mais.
pode descer!
cadeiras parecem tão mais confortáveis.
as nuvens movimentando-formando-lentamente-juntamente com meu gesto repititivo.
repetições...
é engraçado como a vida é cheia disso.
vamos conversar sobre isso também agora ou noutra hora.
mas eu preciso conversar! afinal de contas, corre o risco de dormir.
numa cadeira? não. quer dizer... talvez. eu nunca consegui dormir numa cadeira. mas acontece que as coisas mudaram tanto, que já não sei muito bem delas.
mudança...
outro assunto interessante para nossas conversas.
algum filósofo escreveu uma vez sobre um homem e um rio, no qual o homem atravessa o rio. um mesmo homem. um mesmo rio. mas ambos diferentes. e agora você deve estar pensando que o rio e o homem são diferentes, e são sim, mas não é só isso. o homem que está na margem não é o mesmo que o atravessa, e nem o mesmo que o atravessou, embora seja o mesmo, mas difente, tá aí. mudou. como pode? podendo ué. o rio mudou suas águas, e o homem era um na margem, outro atrevessando, e outro depois de atravessar.
vocês lembram disso? eu esqueci a merda do nome do cara. e também vocês estão pouco se fudendo pro nome dele.
familiar.
me sinto tão igual aos outros.
momento familiar de clichê mesmo.
afinal todos os outros também fazem isso.
entre goles.
entre pessoas.
entre conversas.
mas me sinto legal assim também.
também. de novo. vários. vamos repetir as repetições e mudanças repetitivas pra variar.
talvez seja o fato de eu não fazer isso sempre.
não quero mais. obrigada.
- só mais um.
pára. por favor não.
[ele coloca mais bebida no copo e acabo bebendo]
- vamos só mais um.
não quero. não quero mais.[mãos tapando o copo e cara de brava além da entonação] que porra!
[e expressões de espanto de novela mexicana vem à tona]
repetir pra sempre é chato caros.
e muito mais caro caros são os ouvidos de todos vocês pra tão pouca conversa e tanta máquina.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Sobre meu ouvido

o meu ouvido
entorpecido
por canções que me acendem e me apagam
e apagam - olvido meu ouvido

às cinco horas da tarde
o dia é um silêncio de paisagens
o meu ouvido entorpecido
por canções que me mantém
e eu sou o teu refém
ou de qualquer outra coisa que nem sei bem

enquanto isso rola um blue "rolling in blue[s]"
e o sol dança seu carnaval astral
delírios em meu coração de pulsação planeta
meu ouvido preso a qualquer sentido
o resto do meu corpo banido
meus olhos e bocas eu tinha
agora olvido

terça-feira, 29 de abril de 2008

Cicatrizes

eu gosto mais do papel do que da tela fria. eu preciso ficar sozinha mas as vezes não gosto disso. eu detesto sentir dor. é parte culpa do meu pai - é tudo culpa do seu pai! - disse a psicóloga ou qualquer outra delas que dizem tratar da mente-sentimento da gente. ela disse que o que vivo é reflexo da minha infância - meu pai e seus vícios - eu entendo, mas isso não é fato querido e imutável, é apenas fato explicado. quando eu era criança e voltava pra casa depois de andar de patins com os joelhos ralados, meu pai brigava, ele brigava não por eu ter caído, mas sim por eu ter me machucado. eu nem sentia tanta dor assim, mas nesse momento eu sentia. passados alguns dias vinha ele desfazer as cascas, enquanto eu dormia - acordava com ele mexendo nas feridas - elas ainda não estavam prontas, mas ele não queria ter esse tipo de lembrança, não queria me ver machucada. sempre olho pros meus joelhos e lembro dele e seu cuidado descuidado. papai não gosto de me machucar, vem me abraçar, eu ainda gosto de dormir no teu peito; mas as paredes me protegem e açoitam. as cicatrizes estão até hoje para me fazer lembrar daqueles anos. as cicatrizes estão até hoje para me fazer lembrar.
(13/03/08)

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Yo e ella


você fica melhor sem mim e minhas lamúrias de donzela encardida
ela me atacou hoje - a cubana infeliz
um dia ela me paga!
ela me paga as garrafas que me fez tomar
um dia ela me paga!
ela me paga pelos boleros!
aquele besame mucho é chato quando você não tem alguém para beijar.
su ingrata, yo no te quiero en mi cuerpo
deixe meus olhos!
non quiero más llorar contigo su mujer infeliz

(foto: man ray)

quinta-feira, 13 de março de 2008

Mais uma da Donzela Encardida


hoje sou Frida.
hoje sou Frida-sofrida.
hoje sou morena-dos-olhos-grandes-d'água.
hoje pinto minha ferida.
hoje transbordo de água.
e sigo ardida, dolorida, encardida, dorida, sofrida.
sou Frida-sofrida.
ou Frida.

(foto: what the water gave me - frida kahlo)

Do ônibus pra fora

e a menina anda, anda correndo sem correr, com seus livros e suas mãos neles, os olhos cabisbaixos em direção a eles, tentando ler suas letras corridas enquanto o mundo também corre. e assim ela perde, perde um pouco deste mundo para outros mundos ganhar. enquanto eu?! ah! eu também quero me perder! eu também quero me ganhar! e em algum lugar familiar eu chego, abro suas portas tentando fechar.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Senhor comandante

você partiu, partiu e deixou asas na minha janela. você partiu e a última coisa que disse foi que me amava. mas me desculpe se no momento eu não disse o mesmo. agora - embora tarde - eu sei que é verdade. eu te amo! e me perdoa... você pode me perdoar? aonde quer que você esteja voando, você poderia fazer essa última coisa por mim?
a gente ia sair... estavámos só esperando suas férias. agora eu tenho certeza de que esperamos muito, muito mesmo. devíamos ter sorrido mais, visto mais filmes, feito mais lasanhas. você devia ter escondido mais vezes minha chinela naquela sala de aula, e me deixar com mais raiva, no fundo eu gostava da brincadeira. devia ter me feito passar mais vergonha dentro do ônibus, quando me fazia cantar daquele jeito e me prendia lá dentro, fazia todo mundo olhar pra mim, e no dia seguinte a gente discutia, devíamos ter discutido mais. eu devia mesmo era ter te amado mais. eu me esforçava tanto e você sabia o tempo todo.
sempre que eu vejo asas lembro de você. eu fico olhando as borboletas, eu até tenho uma coleção delas, e ainda ganhei uma cigarra pra diversificar minha coleção. eu deveria ter ido voar contigo quando me convidou. você me perdoa por isso também? eu fui má e sei que já pedi perdão mais de dez vezes.
é... foi você quem eu ouvi da minha janela, era um pássaro num dia de chuva, mas eu sei que era você e suas asas. eu ouvi e vi. acho que vou seguir te amando, do meu jeito. e um dia voarei por você, pelo nosso sonho - bem alto - do meu jeito.
isso aqui é pra você. porque já faz um ano que te dei as minhas lágrimas e estas palavras. mas saiba que algumas eu mudei, eu tinha que fazer isso, porque eu realizei nosso sonho sem você, depois de um ano e quase dois dias, não lembro muito bem da hora. por isso mudei algumas palavras.
nunca vimos o sol nascer. e me desculpe se esqueci do nosso único beijo, mas o álcool foi demais pra mim. você poderia me perdoar por isto também?
você partiu querido amigo. você partiu numa noite de chuva fina. você partiu com um poema no bolso e um eu te amo na garganta.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Livro Primeira Aparição da Manhã - Luciana Andradito

  SINOPSE “Primeira aparição da manhã” é uma seleção de poemas que compõem a primeira obra literária da escritora Luciana Andradito. Produzi...