quarta-feira, 24 de junho de 2009

Não vale a pena o último desejo de noel rosa

samba triste
e bolero de amor
gosto de música rasgando
forte como cachaça;
gosto de dor
dá ótimos versos
e às vezes é divertido
depende do prisma

seresta de bêbados
que dura até de manhã
é voz de mulher ferida
pra mim
intenso e bonito

rasguei mentiras
agora cuspo verdades
em copos bem fundos

a vida amenizou
eu queria forte
o coração precisa
das cicatrizes de roberto ribeiro
agora é qualquer uma
só mais uma
mais

suíte de pescadores
com azulejos quebrados
flores horizontais
com cores desbotadas
ouvido sem voz

adoniran não me deu a corda mi
mas o outro deixou um anel

terça-feira, 23 de junho de 2009

Poesia de lenço na mão

ele entrou
como quem entra e devasta minha casa
rasga minhas cortinas
e pinta minha boca com sua cor

ele entrou
como quem puxa os cabelos
arrepia os pelos
sem nenhum pudor

ele entrou
como quem não precisa de analista
lê horóscopo
e alivia a dor

ele entrou
como quem se faz de seguro
pulando meu muro
trazendo amor

ele entrou
mudando minha rotina
me fazendo bailarina
saltitando esplendor

ele entrou
tapando buraquinhos
abrindo uns pouquinhos
e tampando a salva-dor

ele entrou
como pedreiro fajuto
com oceano e sem luto

meu mar é revolto não é morada
carregue seu licor
verdadeiro remador

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Marcadores

pisca-pisca. não importa, meus olhos abertos ou fechados: você pisca em minha mente e eu sempre gostei de coisas que acendem e apagam. elas me perturbam porque eu dou importância o suficiente. imagina só se a escuridão se apaixonasse pela luz...
pétalas. somos pétalas, daquelas que quando venta, caem, e que com o passar dos dias e incidência dos raios desbotam; murcham. as flores sempre terão pétalas, mas nós não somos as flores. é triste eu sei, e posso até ver através das estações.
vapor. paredes brancas, nua. e tudo o que tenho são sentimentos e sensações. levanto minha mão esquerda - a das pulseiras - e sinto; uma sensação quente e confortável, úmida, o suficiente para me mudar por alguns instantes. alguma impressão de algo parecido com você e eu já preparo a boca para beber teu suor e minha sede matar. então as gotas quentes esfriam se adequando ao ambiente. minha pele pede cobertura, e eu procuro, aquecer minhas mãos com as tuas. só encontro vapor. gotas. algumas feitas mesmo por meus olhos, assumo. até uso as mãos na tentativa de limpar, mas as sensações se propagam. e se esvaem. arrepio no meio da noite gritando teu nome sem produzir som.
calor.
"qualquer inferno ou céu para florescer".
calor calor calor calor calor calor gotejante.

SEU DIABO.

Livro Primeira Aparição da Manhã - Luciana Andradito

  SINOPSE “Primeira aparição da manhã” é uma seleção de poemas que compõem a primeira obra literária da escritora Luciana Andradito. Produzi...