começou sua coleção quando viu uma menina dar a uma outra dentro de um plástico. pensou que queria um amigo, um amigo legal, um amigo tão legal que desse borboletas dentro de um plástico; começou a colecioná-las para dar a seu melhor amigo, amigo que é amigo tem que ter borboletas, mas amigo que é tão legal tem várias pra fazer um quadro ou uma caixa, pregadas em alfinetes, com umas bolinhas brancas de cheiro forte que derretem. como ainda não tinha o plástico para guardá-las improvisava com folhas de caderno e esmolas publicitárias. juntou todas que via, até as mariposas, não sabia que mariposas eram diferentes, só pensava que elas deviam ser borboletas mais gordas porque dormiam mais tarde e comiam mais pólen, e que elas ficavam com as asas abertas para parecerem mais bonitas. enquanto não achava um quadro ou uma caixa para guardá-las henriqueta colocava os pequenos papéis dentro de seus livros. já tinha um número considerável de exemplares guardados quando sua professora pediu para que os alunos trouxessem seus cadernos - queria fazer a correção do ditado; andou e levou cuidadosamente seu caderno entregando-o. por que seu caderno está assim henriqueta? pegou o caderno e os papéis embolados caíram, a professora abriu um e viu que tinha uma borboleta, perguntou se nos outros também eram borboletas e henriqueta tímida confirmou com a cabeça. a turma riu, debochando da menina, que triste foi sentar na sua cadeira de cabeça baixa. no outro dia a professora deu uma aula sobre borboletas que todos apreciaram. dois dias depois uma menina muito bonita de cabelos cacheados chamada luana trouxe um belo exemplar, das amarelinhas, embolado num papel para henriqueta. e assim começou sua primeira amizade.
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Historieta de henriqueta
Retratista de instantes, cartógrafa de sentimentos e mediadora cultural.
segunda-feira, 10 de janeiro de 2011
Mafuá
algo se perdeu no meio do caminho e não foi a pedra de drumond. foram os pedaços da sola dos sapatos e a contagem das coisas - que é irrelevante para a ordem natural, basta apenas que elas aconteçam [bem]
a ausência não é só distância
ela explica tanto
e deturpa
não consegue não-ser simplesmente
não sei dizer se é só porque as unhas cresceram que os restos ficam retidos
e mesmo assim se teima em retirá-los
insisto que há vida nos pontos, suas contradições e nada
fogo é que nem bregueço: só se guarda se for pra usar; então
fica aqui. pisa aqui. senta aqui. que meu tapete é vermelho e macio. fica aqui. pisa aqui. senta aqui. que meu tapete é vermelho e macio. fica aqui. pisa aqui. senta aqui. que meu tapete é vermelho e macio.
a ausência não é só distância
ela explica tanto
e deturpa
não consegue não-ser simplesmente
não sei dizer se é só porque as unhas cresceram que os restos ficam retidos
e mesmo assim se teima em retirá-los
insisto que há vida nos pontos, suas contradições e nada
fogo é que nem bregueço: só se guarda se for pra usar; então
fica aqui. pisa aqui. senta aqui. que meu tapete é vermelho e macio. fica aqui. pisa aqui. senta aqui. que meu tapete é vermelho e macio. fica aqui. pisa aqui. senta aqui. que meu tapete é vermelho e macio.
Retratista de instantes, cartógrafa de sentimentos e mediadora cultural.
terça-feira, 4 de janeiro de 2011
Cisne branco nordestino
meu amor não se preocupe
que eu já volto já
vou te dar um banho de cheiro
porque eu quero é te lavar
pra fazer as suas malas
pra puder eu te levar
pra tu vir mais eu simbora
pra junto de mim morar
meu amor
minha flor
minha menina
sei que é doce tua sina
depois que tu assina
os dias de nossa vida
vida minha-tua-nossa
quando tudo se alumina
minha bela pequenina
até fé em mim atina
teu querer é coisa fina
mais melhor que cajuína
vou fazer uma embolada
pra te conquistar com rima
que não é amor-dor
mais que cheira a uma flor
mais linda que a tal cravina
meu amor
minha flor
minha menina
eu vendi minha belina
pra comprar nossa casinha
onde a raiva se assassina
eu te dou minha maria
pra lá nois dois se desatina
elegante dama fina
tu nunca se desafina
teu batuque me anima
me manda até pra china
me volta pra teresina
pos ti rasgo até batina
imagina... imagina...
o teu passo dançarina
oh que doce bailarina
acende a lamparina
do meu peito que é suspeito
de lhe querer de lhe gostar
meu amor
minha flor
minha menina
pulou num espaço
e em cada pedaço
refez meu coração
que eu já volto já
vou te dar um banho de cheiro
porque eu quero é te lavar
pra fazer as suas malas
pra puder eu te levar
pra tu vir mais eu simbora
pra junto de mim morar
meu amor
minha flor
minha menina
sei que é doce tua sina
depois que tu assina
os dias de nossa vida
vida minha-tua-nossa
quando tudo se alumina
minha bela pequenina
até fé em mim atina
teu querer é coisa fina
mais melhor que cajuína
vou fazer uma embolada
pra te conquistar com rima
que não é amor-dor
mais que cheira a uma flor
mais linda que a tal cravina
meu amor
minha flor
minha menina
eu vendi minha belina
pra comprar nossa casinha
onde a raiva se assassina
eu te dou minha maria
pra lá nois dois se desatina
elegante dama fina
tu nunca se desafina
teu batuque me anima
me manda até pra china
me volta pra teresina
pos ti rasgo até batina
imagina... imagina...
o teu passo dançarina
oh que doce bailarina
acende a lamparina
do meu peito que é suspeito
de lhe querer de lhe gostar
meu amor
minha flor
minha menina
pulou num espaço
e em cada pedaço
refez meu coração
Retratista de instantes, cartógrafa de sentimentos e mediadora cultural.
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